Como torcer para o Boca – em 5 lições


E de repente você se vê diante da possibilidade de o Corinthians ganhar a Libertadores. Situação difícil a sua.
Mas ao menos você pode torcer pelo Boca Juniors, uma das maiores potências do futebol sul-americano, que chega à sua décima final de Libertadores com seis taças conquistadas e três Mundiais.
Tente se lembrar de que, em 2008, os rubro-negros tiveram que torcer pela LDU para não ver o Fluminense campeão continental e admita: sua tarefa hoje é bem mais fácil. A camisa “azul y oro” do Boca Juniors tem tradição, peso e costuma engolir os clubes brasileiros que enfrenta. Pela Libertadores, são 106 partidas e apenas 9 derrotas no estádio da Bombonera.
O que você precisa é de um curso rápido sobre o Boca Juniors para não fazer feio na hora de secar.
1. DAS DENOMINAÇÕES: O clube usa as cores azul e ouro (não se diz amarelo). Você é um boquense, umxeneize (genovês, em dialeto de Gênova) ou um bostero. Não há mal algum em usar esse nome, uma vez que vários dos coros de torcedores do Boca apelam para essa referência. Segundo Martín Caparrós, escritor argentino boquense e autor de “Boquita”, a origem do apelido tem duas versões: o odor que surgia quando o porto da Boca se inundava, ou a bosta liberada pelos cavalos que pisavam o barro numa fábrica de ladrilhos ao lado do clube.
Você também é parte de “La Doce” (A Doze), a mítica torcida azul e ouro que joga junto – mas também o nome da violentíssima torcida organizada do clube. De você, espera-se que cante sem parar, mesmo que esteja 4 a 0 para o Corinthians. É, é meio ridículo, mas funciona assim.
2. DAS PREDISPOSIÇÕES: não há espaço para humildades no coração do hincha da “barra de la mitad más uno” da Argentina. Autossuficientes, não aceitam alianças com torcedores de outros times. O Boca Juniors se entende como uma força da natureza que “a cada dia fica maior”, que manda seus jogos num estádio que “não treme, bate [como um coração]“, e outras frases de efeito geniais.
Uma força nascida em La Boca, bairro de má fama de Buenos Aires, e habitado apenas por genoveses e seus descendentes em 1905, ano de fundação do clube, e que hoje serve como orgulho das classes mais pobres, dos descendentes de índios, dos imigrantes bolivianos que precisam de algo sinal de triunfo na vida. Não há espaço para “misturas” com outras bandeiras, porque ninguém sente que precisa de outra para se aliar.
3. DOS ÍDOLOS E DO JOGO: Maradona, o maior craque, Carlos Bianchi, o maior técnico (três Libertadores e dois Mundiais), Martín Palermo, o maior artilheiro, com 220 gols, Riquelme, o líder atual. Você pode começar por aí. Os outros ídolos são mais conhecidos por sua raça e gana do que pela arte com que jogavam. Pense num jogador extraclasse hipertécnico da Argentina: Ortega, Gallardo, D’Alessandro, Verón, Crespo… nenhum desses era do Boca*. Os bosteros produzem os raçudos: Batistuta e Tevez, por exemplo. O lance é vencer com garra, com huevo (colhão); show é dispensável.
4. DOS RIVAIS: Como não se faz um clássico sem outro clube, os boquenses tiveram que eleger um rival. Coube ao River Plate, cujos torcedores são chamados amavelmente de gallinas (galinhas) pela hinchada do Boca. Sentiram a falta deles neste ano, já que disputavam a Série B.
Peraí: galinha? É sério isso?
5. DOS MASCOTES: não há mascotes habitualmente entre os clubes argentinos. Mas você sempre pode dizer que cuida de uma gallina e que lhe quer muito bem.
É isso mesmo: galinha.
Caído…
E agora, algumas canções para fazer parte dessa Doze. Vamos pelas mais fáceis que não temos muito tempo.

Oh, nosotro’ alentamo’, oh, nosotro alentamo, pongan huevo’, que ganamo’…
(Ô, nós torcemos, ô, nós torcemos, bota colhão que nós ganhamos)

Pongan huevo, huevo los Xeneizes/ pongan huevo huevo sin cesar/ que esta noche cueste lo que cueste/ esta noche tenemos que ganar(Botem colhões, Xeneizes/ botem colhão sem parar/ que esta noite, custe o que custar, esta noite nós temos que ganhar)
E como faltava uma de galinha, aqui vai esta:

Hola qué tal, River, cómo te vás? (x3)/ Gallina hija de p*ta te saluda tu papá(Olá, que tal, River, como você vai? (x3)/ Galinha filha da p*ta, te saúda o seu papai)
*É verdade que Verón teve uma breve passagem pelo Boca. Disputou 17 jogos em 1996, vindo dos Estudiantes, e se foi sem deixar títulos nem saudades.

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